sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Quem somos nós?

Um coração dominado de paixões radicais torna-se inteiramente invulnerável à luz da razão.
Quando tais paixões derivam do termo "liberdade", este coração escurece, desgraça-se na penumbra. Liberdade é a flor mais irradiante no jardim da utopia, e seu aroma inibriante nos torna o ser mais autodeterminado da natureza. Por isso somos humanos: inalamos a doce utopia do jardim que preservamos durante a existência de nossa espécie. Mas se somos tão humanos, tão utópicos, porque somos racionais se o jardim que ostenta a utopia, se alimenta da luz do sol, e não da escuridão que as paixões radicais faz pairar do centro chamado "liberdade"?

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O caso UNIBAN - Educação em xeque

Não há um nobre cidadão brasileiro que não comente nas ruas o destempero de centenas de estudantes universitários de uma universidade privada paulista chamada UNIBAN.
Não pretendo me deter numa narrativa que exponha factualmente o abominável caso, mas proponho examinarmos os dispositivos essenciais que o deflagrou.
O que moveria uma turba enfurecida de universitários a bombardear uma simples estudante com insultos de cunho notadamente moral? Em suma, o que a moral está fazendo encarnada num corpo tão esquisito à seus olhos? Os valores morais correntes da sociedade teriam similitudes no universo acadêmico e nos seus valores derivados?
Basta vermos de perto o "substrato moral" que predomina não somente na universidade, mas primordialmente, nos parâmetros educacionais pertencentes a superestrutura ideológica das classes dominantes: a "moral burguesa".
Atravessamos décadas e décadas na esteira do ideal de progresso capitalista, e o que os arautos bíblicos da cúpula dominante nos prega é o sucesso, o êxito, a grandeza como resultados diretos da especialização, da profissionalização, ou seja, da distinção social do indivíduo nas relações de produção de valor, isto é, de capital e riqueza.
Para criar sua massa disponível de trabalhadores cada vez mais capacitados e qualificados para as inovações tecnológicas que florescem a produção, as classes dominantes estão investindo massivamente seus capitais em ação conjunta com o governo para a instrumentalização da força humana cada vez mais jovem no mercado.
as chamadas ONG's sem fins lucrativos, estão fundindo associações de grandes empresas com o objetivo de criar mecanismos de gestão nas redes públicas de ensino e financiar, terceirizadamente, os recursos necessários para o pleno funcionamento das escolas precarizadas pelo governo. Dessa forma, todo o conteúdo programático do ensino público... (breve pausa para uma reflexão: público é uma palavra do latim que significa "de todos", ou melhor, "para todos"... retomando) será gradativamente cooptado pelas necessidades funcionais da propriedade capitalista investidora e suas demandas técnicas.
Nesse sentido, as classes dominantes que assim são pela exploração de trabalho no modo de produção capitalista, também assumirão o papel de CLASSE DIRIGENTE da sociedade, marcadamente pela sua postura julgadora da direção ideológica-educacional nas instituições de ensino, expropriadoras do patrimônio público reservando este espaço a seus interesses privados, e introjetando nestes espaços acadêmicos os padrões práticos do trabalho assalariado (indivíduos uniformizados, conceito alienado de tempo útil=produtivo, repressão de indivíduos elevados na divisão de trabalho). Onde está as livres faculdades intelectuais do ser para pensar a natureza na ciência? como pensar a transformação das diversas sociedades e suas culturas na história e nas ciências humanas? Onde estará o condicionamento geral da sociedade para o desenvolvimento omnilateral do pensamento e da crítica?
Em tese, no avanço progressivo da fusão público-privado nos meios de transformação da realidade que operam na educação, no livre pensamento e na crítica, e na expansão da "moral burguesa" de "ascensão na vida" proferido aos jovens, sobretudo de classe média, como única direção aceitável para tornar-se o verdadeiro cidadão (evidentemente fabricado) é que podemos contextualizar o caso UNIBAN.
Afinal, a estudante na estaria usando trajes inadequados para uma universidade, assim como a "moral burguesa" no ensina a proceder em ambientes "éticos" como o trabalho?

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Brasileiróides

O que és fruto desta terra?
O que és plantio nacional?
A cegueira que se esmera
numa tenacidade banal.

Sentiste a nação?
Assentaste o peso no globo?
Sabeis o que é valoroso
quando se imola o pavilhão.

O que emerge do seio pátrio
não deslumbra o raio colossal.
Sois filho ingrato
pestilento e imoral.

Agitai o orgulho isolado
suportai o zelo indolente.
Se não és bastardo dominado
decerto não viste a corrente.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Prenúncio

A morte deve mesmo resolver todos os problemas, pois, certamente, para ele, a sua própria morte jamais culminaria em consequências ilícitas... afinal, ele é livre.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Governos do Rio dissolvem entidades e patrimônios públicos

A Crise mundial que já assola a economia e a sociedade, em especial, o trabalhador brasileiro, parece não infiltrar-se nos brios e na sensibilidade político-econômica dos senhores dos Governos municipais e estaduais.
A experiência neoliberal desdobrada com maior profundidade na configuração da nova ordem mundial que encerrou o século xx, mostra na eclosão da crise seu vulto, e o desenso no seio de sua ideologia.
No entanto, em uma ocasião de recessão econômica declaradamente andante e de novos padrões, ainda que provisórios, de acúmulo e de arrecadação, os Governos pmdebistas do Estado e do município atravessam tal período ostentando uma positividade pavorosa.
Tal positividade se traduz nas recém-declaradas políticas das OS's que penetram em âmbitos, considerados pelo povo e pela cidadania, impenetráveis. As OS's consistem em Ong's existentes e que serão beneficiadas pelos Governos, via institucional, para apoderar-se da gestão dos recursos que antes eram coferidos à administração estatal e, naturalmente, estes mesmos recursos, destinados à terceirização promovida pelas Ong's, sofrerão os sintomas imediatos da embrionária privatização que irá se expandir em todos os negócios envolvidos e demandados pelas entidades e patrimônios em jogo.
Em âmbito municipal, a política foi aprovada pela Câmara dos Vereadores, afim do incentivo privado ser injetado nas escolas públicas. Exatamente senhores... privatização de nossas escolas municipais, e que por direitos legais e invioláveis pertencem ao povo! Enquadrar a educação pública na lógica de mercado capitalista é um afronto aos nossos direitos e a nossa cidadania!
Quando da depreciação desta hecatombe social deflagrada pelo governo municipal, recebo um e-mail atestando que esta política dos caciques do Sr. Eduardo Paes, forneceu na prática um laboratório invejável para o Governo do Estado. Vejamos:

"Meu nome é Jesuína Passaroto, sou violista da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Presidente da Associação dos músicos da Orquestra e secretária do SINTAC- Sindicato dos Trabalhadores em Entidades Públicas da Ação Cultural do RJ.
O motivo desta invasão é para falar sobre o projeto de Lei 1975/2009, que está em tramitação na Assembléia Legislativa do RJ que prevê as implementações de OSs na área da cultura no estado e que deve ser votado na 1ª semana de junho.
Não haveria nenhum problema se o objetivo deste projeto fosse somente este.
No projeto vai embutida, e não está sendo divulgada pela imprensa, a EXTINÇÃO DE TODAS AS INSTITUIÇÕES CULTURAIS E CARREIRAS ARTÍSTICAS.
Instituições como Fundação Theatro Municipal com sua escola de Dança Maria Olenwa e a central Técnica de Ihaúma (nossa central de produções) serão extintas. Extingue-se também a FUNARJ com suas Escolas de música Villa-Lobos, Técnica de Teatro Martins Pena, Museus, salas de espetáculos, etc.
Todos, órgãos públicos que tem por objetivo servir à sociedade e que não tem em seu propósito o enriquecimento financeiro; que só não funcionam melhor por conta da incapacidade de seus gestores, que não são servidores do estado, e sim cargos de confiança dos governadores e pela falta de dotação orçamentária por parte do governo.
Com este projeto entrega-se todo o patrimônio material e imaterial à iniciativa privada, com dotação orçamentária obrigatória pelo governo, que deveria ser repassada às instituições já existentes. O projeto de lei prevê o repasse de dinheiro público às estas ONGs.
As carreiras de músico, bailarinos, coristas, técnicos teatrais serão extintas, acabando-se com a possibilidade de surgimento de novos talentos como Ana Botafogo, Cecília Kerche, Roberta Marques, Eliana Caminada, Nora Esteves, entre tantos outros de não menor valor.
As instituições que serão extintas têm em seus currículos, 100 anos ou mais de existência, com trabalhos de excelência reconhecidos no mundo inteiro.
O projeto prevê ainda, a utilização do dinheiro público para a compra de bens e serviços, sem a lei de licitações, a lei 8.666.
O que querem fazer é um crime sem precedentes.
O projeto não prevê a continuidade dos trabalhos destes artistas e destas instituições.
O projeto exime o estado da responsabilidade de prover cultura ao cidadão.
O governo entende que CULTURA NÃO É UM SETOR ESTRATÉGICO, NÃO É UMA NECESSIDADE BÁSICA DA POPULAÇÃO.
O governo está abrindo mão de seus artistas e de seu patrimônio.
Quer também colocar à venda o espaço cultural do teatro Casagrande , quer destombar o cine Icaraí , está retirando o acervo do Museu da Imagem e do Som (MIS – tombado em âmbito estadual) e levando-o para a beira da praia na antiga Boate HELP, mesmo sabendo que a maresia é o fator mais agressivo a este tipo de acervo.
Em resumo O GOVERNO QUER VENDER A CULTURA DO RIO DE JANEIRO, QUER PRIVATIZAR SUAS INSTITUIÇÕES. ENTREGAR TODO O SEU PATRIMÔNIO À INICIATIVA PRIVADA COM O APORTE FINANCEIRO DO ERÁRIO PÚBLICO."
Pois bem. O que pensam os Governos do Município e do Estado? Reconhecem o quadro sócio-econômico atual marcado pela crise e pela recessão privada? Pensam que a população do Rio de Janeiro não atestou que a implantação da política das OS's é a canalização vacilante de fundos que irão ser desviados pela corrupção?
Declarado isso, ao ler este texto, peço-lhe que reflita sobre o futuro de nossa educação e da cultura nas mãos destes usurpadores.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Meus fragmentos - I

As indagações e expressões mais indesejadas pelos almas venenosas, são as mais desejadas pelos almas incuráveis. (2009)
Um pensamento nunca nos fornece um meio de ação, pois ele nos vê como o próprio meio. (2009)

Ciência definitiva

"O ateísmo é o primeiro pressuposto objetivo para se captar as verdadeiras e autênticas faculdades humanas, suas origens e propriedades, destituídas de uma ilusória e irrisória conotação da vida e seus enigmas certamente abortivos." (2007)
Há duas correntes díspares da filosofia alemã que fermentam o pragmatismo científico do ateísmo. O primeiro dedicou-se ao estudo de uma propriedade puramente humana denominada "razão", Heideger: este afirma que a razão, despendida em prática, corresponde ao exercício da DOMINAÇÃO.
Torna-se ainda mais congruente o prognóstico do filósofo alemão, quando consideramos uma passagem de seu compatriota moderno, Engels. Este, assim como Marx, trilhou o caminho da filosofia social pós-Hegel. Ao examinar o movimento dialético da natureza, combinado à ação da vida, concluiu que o animal usufrui do espaço natural, enquanto os homens SUBMETE-O.
Tendo em vista as contribuições de Heideger e Engels, é possível mapear, mesmo que parcialmente, a entidade bio-material do homem, a fim de estalar uma centelha elucidativa científica a respeito da existência de deus. Conhecer o sujeito humano, é desconhecer o predicado divino.